CIA. Mungunzá de Teatro faz ocupação no Sesc Santo André

Março 03, 2016
CIA. Mungunzá de Teatro faz ocupação no Sesc Santo André

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A Cia Mungunzá realiza no mês de março no Sesc Santo André a OCUPAÇÃO CIA MUNGUZÁ DE TEATRO com a apresentação de dois espetáculos, um adulto e outro infantil e uma oficina.

Baseada em histórias e experiências pessoais dos atores, POEMA SUSPENSO PARA CIDADE EM QUEDA, que estreia dia 11 de março, sexta-feira, às 21 horas, tem direção de Luiz Fernando Marques (integrante do Grupo XIX) e mostra um pouco sobre o sentimento de imobilidade que atinge muitas pessoas nos dias de hoje.
Já a montagem infantil ERA UMA ERA, primeiro espetáculo da Cia Mungunzá voltada para o público infanto-juvenil, estreia dia 12 de março, sábado, às 16 horas, e conta sobre as desventuras de um rei que tenta, a qualquer custo, fazer parte da história e, para tal, documenta toda a fundação do seu reino e seus feitos. Com direção de Verônica Gentilin, a peça fala sobre o eterno desejo do homem de não ser efêmero, além de abordar temas como tecnologia e interação virtual.
Os dois espetáculos possuem como tema central a memória e são encenados em um andaime de cinco metros de altura, que ficará a mostra no Espaço de Eventos do Sesc Santo André. “Deixar o cenário/instalação à vista do público é de extrema potência para a Cia, que tem fortes vertentes na performance e nas artes plásticas”, conta o ator Marcos Felipe, que está no elenco das duas peças.

POEMA SUSPENSO PARA CIDADE EM QUEDA

Uma pessoa cai do topo de um prédio e não chega ao chão. Os anos passam e este corpo não consuma a queda. A partir daí, a vida das pessoas nos apartamentos desse edifício fica presa numa espécie de buraco negro pessoal, onde cada um vive uma experiência que não finaliza. Cada personagem fica preso em sua metáfora, ignorando o conjunto à sua volta. Trata-se de uma fábula contemporânea sobre a sensação de suspensão e paralisia geral do mundo moderno.
No palco, os atores Verônica Gentilin, Virginia Iglesias, Lucas Bêda, Marcos Felipe e Sandra Modesto ficam em um andaime, que simboliza o prédio. Em cada um dos nichos/apartamentos, uma história diferente se desenrola sem ligação aparente entre si. Verônica Gentilin, que também assina a dramaturgia do espetáculo, explica: “construímos o texto em conjunto, com base em histórias reais do elenco. Em cada um desses apartamentos, algo acontece. Os atores não tem visão do todo e não sabem o que está acontecendo nos outros nichos. Somente o público consegue enxergar toda essa situação de maneira integrada, como se observasse um prédio de longe ou estivesse montando um quebra-cabeça”, conta.
O diretor Luiz Fernando Marques contou como a peça foi construída: “a Mungunzá é uma companhia atípica, só de atores. O convite veio logo após o sucesso deles com Luís Antônio-Gabriela, espetáculo super premiado e minha responsabilidade aumentou com isso. Primeiro, ouvi o que esses atores queriam contar com esse projeto. Essa é uma das características da minha direção: focar no atores e trabalhar em conjunto com eles. Na primeira parte do trabalho, com os workshops para levantar a dramaturgia, atuei como um provocador desse processo que foi super orgânico”, explica.
No passo seguinte, de levar para a cena todas as histórias que os atores trouxeram nesse primeiro momento, Luiz Fernando atuou dando unidade para elas e as organizando no palco. “Temos no um prédio sem tijolos e o público pode enxergar tudo o que acontece ali dentro, se sentindo íntimo daquelas pessoas. Esse espetáculo é de uma poesia enorme. Ao mesmo tempo que as histórias provocam estranhamento na plateia, as pessoas se identificam com aquilo que estão vendo em cena. Percebemos que somos somente uma parte de uma engrenagem”, explica. O resultado desse trabalho é um espetáculo teatral com uma narrativa singular.

ERA UMA ERA

Em ERA UMA ERA os personagens que contam a história do Grande Reino Ainda Sem Nome surgem de uma caixa abandonada. Barba Rala, rei deste Reino deseja a todo custo entrar para a história dando um nome ao seu Reino. A única forma que um Reino tem de ser reconhecido e entrar para a história, é completando 100 páginas no Grande Livro de Autos. Assim, o rei resolve registrar todo e qualquer passo nesse livro. Até que um dia, após um incêndio, o livro é destruído e os habitantes tem que recomeçar sua vida do zero. No entanto, nessa segunda parte da história, os tempos são outros e a tecnologia domina a vida das pessoas. A peça se repete, mas completamente contextualizada no caos da era digital. Novamente o Reino cresce e vai se preenchendo de memórias e registros e selfies até entrar em colapso de novo. O espetáculo foi inspirado no livro O Decreto da Alegria, de Rubem Alves e a dramaturgia foi sendo construída em conjunto com o grupo e a direção. “Queríamos trazer as fábulas para atualidade e fazer uma história com elementos que falassem ao menino de 5 anos até um idoso de 80. A tecnologia é, sem dúvida alguma, um tema que atinge a todos. Você que escolhe a forma de se relacionar com ela e a partir dela. Se ela separa ou une depende de nossa forma de lidar com isso”, explica a diretora. Além de tecnologia, ERA UMA ERA fala também sobre a memória. O Rei Barba Rala tenta, a todo custo, registrar seus feitos e entrar para a história. Ele repete aquilo que o homem tenta desde os primórdios de sua existência: não deixar que sua história passe em branco e seja efêmera.
Para Verônica, estamos num momento delicado de transição. Constantemente, as pessoas mais velhas se pegam dizendo que sentem falta do mundo em que crianças subiam em árvore e brincavam na rua. “A questão não é se elas trocaram a árvore real pela virtual, e sim o quê é a representação desta árvore para elas hoje. Nosso papel é mediar um mundo que elas não conhecem porque não estiveram nele e este mundo que nós pouco conhecemos porque não nascemos nele. Estamos num tempo que pede um encontro sensível entre duas gerações, sem pré-conceitos. Se os tablets e outros adereços eletrônicos estão aí e fazem parte da vida de todos, como podemos simplesmente ignorar esse fato na criação dos pequenos? Precisamos achar um meio de conectar a árvore e o tablet”.

Formativa: Corpos disponíveis – memória

Paralelo as apresentações dos espetáculos, a Cia Mungunzá realiza, de 15 a 17 de março, terça a quinta-feira, das 19h30 às 21h30, a oficina Corpos Disponíveis – memória. Através de exercícios físicos, energéticos e biográficos, a Cia propõe uma pesquisa investigativa sobre o tema memória, utilizando como caminho a tríade de exercícios que compõem a base metodológica dos processos da Companhia (kundalini, optic e cicatriz). Cada exercício possibilitará diferentes vivências construindo, assim, experimentos artísticos para além do campo cênico e dramatúrgico.

As inscrições gratuitas devem ser feitas por meio de carta de intenção e breve currículo até o dia 11 de março pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. A atividade é recomendada para maiores de 16 anos e que possuam iniciação artística.

Sobre a Cia Mungunzá - A Cia. Mungunzá de Teatro iniciou suas atividades em 2006, com uma pesquisa realizada em parceria com o diretor Nelson Baskerville, em torno do teatro épico de Bertolt Brecht, que gerou o espetáculo Por que a criança cozinha na polenta. Entre 2008 e 2010, a peça realizou temporadas em São Paulo e participou de festivais em todo o Brasil, recebendo mais de 30 prêmios. Entre 2011 e 2013, também com a direção de Nelson Baskerville, a companhia realizou o premiado Luís Antônio-Gabriela, que narrava a história de transformação do irmão de Nelson Baskerville no travesti Gabriela. Concebido na perspectiva do teatro-documentário ou documentário cênico, Luís Antônio-Gabriela fez temporada entre 2011 e 2013, em São Paulo, além de circular por todo o Brasil e fazer apresentações em Portugal. Em 2001, recebeu vários prêmios, entre eles o Shell e o APCA, o da Cooperativa Paulista de Teatro e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo. No atual espetáculo, POEMA SUSPENSO PARA CIDADE EM QUEDA, a cia desdobra o tema da família em uma pesquisa sobre os relicários pessoais dos atores e pedaços de histórias, que se unem a experiências universais. Esta produção marca uma nova fase da gestão compartilhada da Cia. Mungunzá com outras companhias e coletivos, mas reitera seu interesse em aproximar o ator e a plateia, pelo aparato cênico, de forma sinestésica.

 Para roteiro:

POEMA SUSPENSO PARA CIDADE EM QUEDA – Estreia dia 11 de março, sexta-feira, às 21 horas, no Espaço de Eventos do Sesc Santo André. Elenco – Verônica Gentilin, Virginia Iglesias, Lucas Bêda, Marcos Felipe e Sandra Modesto. Direção – Luiz Fernando Marques. Finalização Dramatúrgica – Verônica Gentilin. Dramaturgia – Cia Mungunzá de Teatro e Luiz Fernando Marques. Argumento – Cia Mungunzá de Teatro. Técnicos Performances – Pedro Augusto e Leonardo Akio. Diretor Assistente –Paulo Arcuri. Trilha Sonora Composta – Gustavo Sarzi. Desenho de Luz – Pedro Augusto. Cenário – Cia Mungunzá de Teatro, Luiz Fernando Marques e Paulo Arcuri. Direção de Arte e Figurinos – Valentina Soares. Vídeo – Lucas Bêda. Produção Executiva – Sandra Modesto e Marcos Felipe. Produção Geral – Cia Mungunzá de Teatro. Fotografia e Registro do Processo – Mariana Bêda. Recomendado para maiores de 14 anos. Duração – 60 minutos. Temporada – Sexta-feira às 21 horas, sábado às 20 horas e domingo às 19 horas. Ingressos – R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena). Até 27 de março.

Dia 25 de março, sexta-feira (feriado) não haverá apresentação.

ERA UMA ERA – Estreia dia 12 de março, sábado, às 16 horas, no Espaço de Eventos do Sesc Santo André. Direção – Verônica Gentilin. Dramaturgia – Verônica Gentilin e Cia Mungunzá de Teatro. Atores criadores – Sandra Modesto, Virginia Iglesias, Leonardo Akio, Lucas Beda, Marcos Felipe e Pedro Augusto. Músicas e Trilha Sonora – Gustavo Sarzi. Narração – Gabriel Manetti. Desenho de Luz – Pedro Augusto. Cenário – Cia Mungunzá de Teatro. Cenário Áudio Visual – Lucas Schlosinski e Lucas Bêda. Adereços – PalhAssada Ateliê. Figurinos – Fausto Viana e Sandra Modesto. Direção de Vídeos – Lucas Beda. Animação 2d – Lucas Beda e Lucas Schlosinski. Animação 3d – Lucas Schlosinski Técnico de Projeção e Som – Leandro Siqueira. Técnico de Luz – Ghabriel Tiburcio. Projeto Visual – Leonardo Akio. Produção Executiva – Sandra Modesto e Marcos Felipe. Produção Geral – Cia Mungunzá de Teatro. Fotografia – Mariana Beda Recomendação etária – 6 anos (permitida a entrada de crianças de qualquer idade). Temporada – Sábados às 16 horas e domingos às 12 horas. Duração – 70 minutos. Ingressos – R$ 17,00; R$ 8,50 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 5,00 (credencial plena). Crianças até 12 anos tem entrada gratuita. Até 27 de março.

SESC SANTO ANDRÉ – Rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar – Santo André. Telefone – (11) 4469-1200. Capacidade – 100 lugares. Estacionamento – Credencial Plena – R$ 1,50 a primeira hora e R$ 0,50 – a cada hora adicional. Outros – R$ 3,00 a primeira hora e R$ 1,00 – a cada hora adicional (vagas limitadas). Para informações sobre outras programações 0800-118220 ou www.sescsp.org.br.

 

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