Editorial - O gigante acordou!

Junho 21, 2013

Vinte anos se passaram para que o povo brasileiro voltasse às ruas para protestar. A última vez que houve uma grande mobilização nacional foi no início dos anos de 1990, que culminou com o impeachment do ex- presidente Fernando Collor de Mello. Na época, as ações foram comandadas por jovens estudantes, que ficaram conhecidos como os “caras pintadas”.
Desta vez, as manifestações tinham – isso mesmo, tinham – como principal reivindicação a diminuição do valor das passagens do transporte público. Mas, com a onda de protestos em todas as capitais, e em cidades pelo interior do país, ficou claro que a questão é muito maior, ou seja, simplificaram o problema.
Na verdade, o que se viu foram centenas de milhares de pessoas nas ruas para demonstrar a indignação do povo com o tratamento dado pelos governantes a temas fundamentais para a sociedade, como saúde, segurança e transporte. Também para criticar a proposta que tramita no Congresso Nacional que pretende tirar o poder de investigação por parte do Ministério Público e a corrupção, que parece não ter fim no país.
As manifestações serviram como um alerta para os governantes – em todos os níveis – de que a população não aguenta mais ser tratada com tanto descaso, que está cansada de ser enganada por aqueles que detêm o poder e que quer mudança de comportamento e ações que possam garantir uma vida mais digna para todos.
Numa definição simplificada, a democracia “é o governo do povo, para o povo, pelo povo”. O problema é que a parte “para o povo” parece ter sido esquecida. O povo clama por um sistema de saúde eficiente, educação de qualidade, segurança pública eficaz e transporte decente, com passagens a preços justos. Qual é a parte que os governantes não entenderam ainda? Basta de promessas vazias em períodos eleitorais.
E agora, o que esperar desses movimentos, que já conseguiram a redução das passagens no transporte público em dezenas de capitais e cidades por todo o Brasil? Podem ter certeza de que ele só está começando, pois a sociedade mostrou que quer ser ouvida de verdade pelos seus representantes, que não vai mais engolir “sarneys”, “renans” e “felicianos”. E, como diz um dos slogans dos manifestantes, “o gigante acordou”, no caso, o povo é o gigante.

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