O Hospital Estadual Mário Covas (HEMC), gerido a partir de parceria entre o Governo do Estado de São Paulo e a Fundação do ABC, vem se destacando progressivamente na área de doação de órgãos. Este avanço é evidenciado pela recente captação de três corações, dois dos quais foram obtidos apenas em outubro deste ano – um marco considerável, visto que o último coração captado pela unidade para transplante foi em 2020.
Esses resultados são fruto de uma colaboração efetiva com a Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Instituto Dante Pazzanese, sob a orientação da enfermeira da Comissão Intra-hospitalar de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) do HEMC, Simone Contardi Barros. A unidade também implantou visitas médicas em dois turnos, agilizando o processo de diagnóstico de morte encefálica, o que é fundamental na captação de órgãos.
“A conscientização em acolher as famílias, explicar todo o processo a ser realizado, bem como manter o potencial doador viável nos trouxe através de números a evidência de vidas salvas. Destacamos o papel essencial da equipe de enfermagem neste processo, que se empenha constantemente para que os objetivos sejam alcançados”, acrescenta Simone Contardi Barros.
O HEMC conta com equipe bem estruturada e altamente qualificada, focada na rápida identificação de pacientes em potencial morte encefálica, garantindo cuidados adequados e minimizando o sofrimento dos familiares. “O envolvimento e a compreensão das equipes sobre a importância da captação de órgãos são cruciais. A interação da CIHDOTT com os procedimentos de morte encefálica e a presença diária nas emergências e UTIs têm sido fundamentais para o sucesso das captações”, informa Barros.
A unidade segue rigorosamente a Resolução 2.173/2017, mantendo a viabilidade dos órgãos após o consentimento familiar e lutando contra o tempo para a captação e transplante seguros. Além disso, realiza conscientização contínua sobre a importância do diálogo familiar em relação à doação de órgãos.
“A cirurgia para retirada dos órgãos funciona da mesma maneira que uma cirurgia comum e exige todos os cuidados de reconstrução, mesmo que o paciente já tenha falecido. Esse direito é garantido pela lei nº 9.434/1997. Com isso, após a retirada dos órgãos, o doador poderá ser velado e sepultado normalmente”, garante a enfermeira supervisora do Bloco Cirúrgico, Fernanda Nunes da Silva.
REFERÊNCIA - Entre janeiro de 2022 e outubro de 2023, o Hospital Estadual Mário Covas ajudou 137 pacientes a saírem da fila do transplante de órgãos. Este ano, até outubro, o número de órgãos captados e posteriormente transplantados foi de 86. Durante todo o ano passado o índice foi de 51. Ao todo, foram captados entre janeiro e outubro deste ano: 38 rins, 30 córneas, 14 fígados, 1 pâncreas e 3 corações.
A agilidade na notificação de morte encefálica é fundamental para o processo de doação de órgãos e transplantes. O tempo para que o protocolo seja concluído com sucesso é limitado, envolvendo a confirmação da morte encefálica, preservação do corpo, autorização dos familiares, notificação e retirada dos órgãos. No HEMC, houve redução expressiva do tempo médio para encerramento do protocolo, segundo comparação entre 2022 e 2023. O índice caiu de 24h02 para 14h45 minutos, queda de 41%.
A unidade dispõe de estrutura preparada para a captação dos órgãos. A CIHDOTT, formada por equipe multidisciplinar, realiza a avaliação do potencial doador, confere o histórico do prontuário do paciente e encaminha todas as informações para a OPO do Instituto Dante Pazzanese. Em paralelo, a equipe da CIHDOTT acompanha os testes clínicos realizados pelos médicos, caso o órgão se enquadre para ser disponibilizado na fila de transplantes. Com a aprovação dessa fase, os familiares do possível doador são entrevistados pelos membros da Comissão, a fim de explicar todas as etapas do processo. O acolhimento das famílias para esclarecimento de dúvidas é considerado etapa fundamental para a decisão favorável dos entes pela doação.
As conquistas do Hospital Estadual Mário Covas refletem o compromisso da unidade em melhorar continuamente os processos de captação e doação de órgãos, alinhando-se com as diretrizes do SUS e as necessidades da comunidade. A comunicação aberta com as famílias dos doadores, a empatia, o respeito ao tempo e à decisão continuam sendo aspectos-chave do processo.