Se o atual momento tem exigido o máximo da capacidade de gestão dos prefeitos do Grande ABC, o pós-pandemia deve requerer ainda mais competência e experiência para a retomada das atividades, principalmente as relacionadas à área da Saúde. “Não vai ser época de brincar, de apostar no incerto. Temos de ter gestores que tenham responsabilidade. Tem muita coisa que teremos que correr atrás”, afirmou a presidente da Fundação do ABC, doutora Adriana Berringer, em entrevista ao jornal Repórter Diário transmitida ao vivo nas redes sociais.
A médica, formada há 27 anos na Faculdade de Medicina do ABC e com 20 anos de experiência em gestão de Saúde, disse que nunca passou por um período tão complicado como o vivenciado hoje, com quase 35 mil mortes no Brasil – mais de 1.000 a cada 24 horas nos últimos dias – e cerca de 615 mil infectados. “No pós-pandemia vai precisar de alguém com rédea, com experiência, para retornar tudo que ficou parado, consultas que não foram realizadas. A condução disso vai depender de gestores que tenham esse peso, para trazer as coisas de volta aos eixos”, ressaltou Adriana, ao estimar que os atendimentos de consultas e cirurgias eletivas estão em ritmo de 30% da demanda represada. Além disso, novos casos de outras doenças estão surgindo, já que a covid-19 é só mais uma enfermidade dentre todas.
A especialista frisou ainda que o coronavírus trouxe um alerta importante no quesito infraestrutura de Saúde. As prefeituras que estavam mais preparadas, como a de São Caetano do Sul, com espaços, equipamentos e equipes qualificadas, se adaptaram mais rápido e de maneira mais adequada para enfrentar o inimigo invisível. O que tem surtido resultados positivos, evitando mortes.
Para a médica, após passar a covid-19 – que ainda não há previsão –, o mundo será outro e as administrações públicas terão de acompanhar esse movimento. Para a doutora, o caráter de medicina preventiva, as medidas de higiene e a adoção de novos protocolos serão inevitáveis. “Não sabemos se daqui a três meses teremos novo pico ou novo vírus”, avaliou.
Adriana Berringer fala com propriedade, pois é referência em gestão de Saúde no Grande ABC, ao comandar as ações em muitos hospitais, como o Hospital Estadual Mario Covas, em Santo André, e muitas AMEs e UBSs, além de hospitais de campanha. À frente da Fundação do ABC, lidera 22 mil profissionais. Atualmente, 20% estão afastados por serem do grupo de risco, por terem suspeita de covid-19 ou por estarem contaminados, o que equivale a 4.400 funcionários.
Inicialmente, um dos principais problemas na região era a aquisição de Equipamentos de Proteção Individual. Agora, diz ela, um dos principais desafios é justamente a contratação de pessoal para reposição dos quadros. Foram contratados 2.700 trabalhadores nas últimas semanas.