Em relação ao desempenho pessoal, o cenário é também desfavorável para a presidente. Na pesquisa anterior, ela tinha 73,75% de aprovação. Hoje caiu para 49,3%. Em termos de desaprovação, subiu de 20,4% para 47,3%. Há, portanto, uma proximidade muito grande de aprovação e desaprovação hoje em torno da figura pessoal de Dilma Rousseff.
Segundo o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), senador Clésio Andrade, esses dados são atribuídos às recentes manifestações, motivadas por insatisfação elevada com a qualidade dos serviços públicos, gastos com a Copa do Mundo e denúncias de corrupção. “Dificilmente ela [Dilma Rousseff] vai voltar aos níveis anteriores de aprovação”, acredita.
Em relação aos protestos nas ruas, 84,3% dos entrevistados responderam ser favoráveis e 13,9% desaprovam. A participação nas manifestações foi confirmada por 11,9%. 29,6% não participaram, mas têm intenção de participar. 58% não participaram e não têm desejo de participar. Além disso, 62,1% dos entrevistados acreditam que as manifestações vão continuar nas ruas e nas redes sociais. Segundo Clésio Andrade, apesar de 58% terem respondido não participar e não terem a intenção de participar, essas mesmas pessoas apoiam os protestos. “São números muito elevados. Não deixam de refletir apoio aos protestos”, acrescenta.
Para a maioria dos entrevistados, 40,3%, a reivindicação mais importante é o fim da corrupção. Em segundo lugar, estão melhorias na saúde, com 24,6%. Em seguida, reforma política, com 16,5%, melhorias na educação, 7,8%, melhorias no transporte público, 4,6%, e, por último, melhorias na segurança, com 3,7%.
Insatisfação com a corrupção é apontada como o maior motivo das manifestações, com 55% das respostas. Depois, estão insatisfação com a qualidade dos serviços de saúde, com 47,2%, insatisfação com os gastos da Copa do Mundo, 43,7%, insatisfação com os preços e a qualidade do transporte público, 30,8%, insatisfação com a qualidade da educação, 30,5%. Por último, com 20,5%, foi indicada a insatisfação com a segurança.
Sobre a vinda de médicos estrangeiros para atuar nas regiões mais pobres do Brasil, 49,7% são a favor, 47,4% são contra. Para Clésio Andrade, esses resultados surpreenderam devido à proximidade dos percentuais. “Isso significa que, se faltam médicos, falta saúde, mas metade da população é contra. Provavelmente a Dilma mais perdeu do que ganhou com esse processo”, esclarece.
Em relação aos serviços públicos, maior parte dos entrevistados considera que transporte, saúde, segurança e educação estão nas categorias de regular a péssimo. O pior avaliado foi saúde pública, com 58,7% que a consideram negativa. Depois, estão segurança pública, com 46,1%, transporte público, 44,9%, educação pública, 40,1%. Em termos positivos, os serviços seguem na ordem crescente: saúde pública, 15,5%, segurança pública, educação pública, 25,7%, transporte público, 26,9%.
Eleições presidenciais 2014
A intenção de voto para presidente da República no próximo ano, de forma espontânea, isto é, sem oferecer opções para os entrevistados, apresentou a Dilma Rousseff com a maior porcentagem dos votos, 14,8%,. Em seguida, estão Lula, com 10,5%, Marina Silva, 5,9%, Aécio Neves, 4,9%, Eduardo Campos, 1,4%, José Serra, 1,2%. No entanto, surge Joaquim Barbosa, com 0,7% das respostas dos entrevistados. Isso, segundo Clésio Andrade, reflete a insatisfação da população com os políticos de forma generalizada, que, no caso dos protestos, respondem por 49,7% do direcionamento.
Na pesquisa estimulada para primeiro turno, Dilma Rousseff aparece com 33,4% das respostas. Depois, surgem Marina Silva, com 20,7%, Aécio Neves, 15,2% e Eduardo Campos, 7,4%. Em relação a nenhum desses candidatos ou votos brancos e nulos somam 17,9%. Não sabem e não responderam são 5,4%. “O crescimento da Marina Silva e, principalmente, dos votos brancos e nulos refletem mais uma vez a insatisfação do povo com os políticos de forma geral. Marina é a menos política dos políticos”, argumentou.
Metodologia
A Pesquisa CNT/MDA entrevistou 2.002 pessoas em 134 municípios, sorteados aleatoriamente, de 20 estados da federação. As cinco regiões do país foram abordadas, no período de 7 a 10 de julho de 2013. A margem de erro é de 2,2 pontos com 95% de nível de confiança.